James Bobin começou sua carreira na comédia com ótimos trabalhos ao lado de Sacha Baron Cohen, porém nos últimos anos escolheu (ou foi escolhido para) se manter nos filmes infantis e com exceção de Alice Através do Espelho (2016) sempre encontrou relativo sucesso critico, com Dora e a Cidade Perdida ele mostra que a tendência é continuar com trabalhos aclamados.


Se no começo do ano me pedissem para apostar em qual filme do saturado mercado de adaptações de animações para live action seria genuinamente bom e divertido, "Dora e a Cidade Perdida" seria provavelmente minha última escolha. Também não estaria nas minhas primeiras opções se me perguntassem "Qual filme você acha que terá referências visuais à “A Bruxa de Blair (1999)?"”

A atuação afetadíssima de Isabela Moner, responsável por dar vida a protagonista, pode causar estranheza nos primeiros 10 minutos, mas depois que você entende que tipo de filme está assistindo se transforma no motor da história. O problema decorrente disso é que nenhum outro dos atores adolescentes consegue acompanhar o ritmo, com Jeffrey Wahlberg (Diego) sendo o elo mais fraco do elenco, mantendo uma longa tradição de atuações ruins da família Wahlberg.

Como todo filme do gênero é de se esperar a tradicional divisão de humor pra criança e pra adulto, o que não era de se esperar é que o humor "adulto" ia funcionar perfeitamente. Michael Peña nunca esteve tão engraçado em sua carreira e apesar de ter pouquíssimo tempo de cena, deixa sua marca. Já o setor infantil da comédia me parece ser bem mais falho e repetitivo, apesar de crianças adorarem ver gente batendo a cabeça e caindo, elas também merecem um pouco mais de variação.



O filme te leva por estradas já percorridas, e mesmo não seguindo o que primeiramente parece ser uma história batida de peixe fora d'água, não vai te apresentar nada de novo ou original. A todo momento ele te lembra do material de origem, mesmo que sempre com consciência do absurdo e ridículo de viver dentro do universo de uma animação infantil. O que me desarmou completamente aqui é o risco que algumas piadas tomam e a quantidade de humor metalinguístico presente, como as pessoas ao redor de Dora estranhando quando ela fala com o telespectador ou quando a mesma faz a tradicional brincadeira do desenho "você consegue dizer..." mas aqui sempre escolhendo palavras complicadas.

É necessário citar que o CGI é desastrosamente ruim, e mesmo que talvez até de forma proposital nos animais originários do desenho (Botas e Raposo),  no restante do filme que não conta com grandes nomes no elenco e um orçamento de US$ 49 milhões esse fato é imperdoável e uma pena, pois toda a parte prática de cenário e cenas de ação funcionam muito bem.


Mesmo com um ar de filme amador ou feito direto pra televisão em todas as cenas fora da selva e falta de originalidade, Dora te entrega tudo aquilo que Lara Croft tentou três vezes e não conseguiu, uma aventura divertidíssima na floresta com artefatos religiosos, vilões cartunescos e uma quantidade saudável de homenagens (até musicais) a Indiana Jones.


Nota: 7/10

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