A disparidade em qualidade e bilheteria entre os filmes dirigidos e os produzidos por James Cameron é evidente, e se torna ainda mais a cada novo lançamento. Cameron chegou a ter algum sucesso como produtor no começo da carreira quando sua então esposa Kathryn Bigelow estava na direção, mas “O Exterminador do Futuro - Destino Sombrio” veio para se juntar ao mesmo degrau de seus últimos trabalhos na produção, um pouco acima da média em qualidade, mas uma bomba de bilheteria.


O maior problema do filme é o conflito do roteiro feito a 10 mãos com a direção de Tim Miller (Deadpool). Se logo na primeira cena vemos Sarah Connor no hospício nos levando imediatamente de volta ao segundo filme, na segunda cena vemos que o mesmo não importa mais. Se os personagens insistem na ideia de que aquele futuro nunca aconteceu e que temos que desapegar do passado, ao mesmo tempo temos tantas frases de efeito conhecidas pelo público e cenas de ação com a mesma linguagem visual dos filmes anteriores, seja com a cabeça do exterminador REV-9 aberta exatamente igual ao do T-1000 ou um helicóptero perseguindo uma van igual você já viu antes também. A pergunta que aparece assistindo ao filme é: Você quer que eu me sinta nostálgico ou que eu esqueça o passado? E ele não se decide.

Sobre os conflitos da história, o filme lida melhor do que eu acharia possível a narrativa dos "imigrantes ilegais" mexicanos e o fetichismo armamentista texano, os fios sendo mais facilmente conectados pelo vilão preto no branco, sem uma história de fundo como vingança ou uma relação complicada com a família dos heróis. Na era dos vilões ecoterroristas mal desenvolvidos se torna confortável um filme que não se importa em não explorar seu antagonista e apenas fazer seus "poderes" obedecerem as regras impostas pela franquia.

A grande força do filme se encontra no elenco. Com atuações bem acima do comum para blockbusters, Linda Hamilton convence como heroína forte porém sentindo o peso do tempo, Arnold Schwarzenegger é hilário como sempre e traz leveza e coração no exato nível que o filme pedia, Gabriel Luna é completamente funcional no papel reduzido que tem e Mackenzie Davies, que já vinha aparecendo muito bem em papéis menores nos últimos anos, aqui é uma força a ser reconhecida, sendo um furacão em cena e uma protagonista que consegue manter o filme completamente em si, mesmo dividindo cenas com Schwarzenegger. O elo fraco do elenco é Natalia Reyes, que não é ruim, mas está em outro ritmo e quando tem uma ou outra cena dramática acaba mostrando suas limitações.


No final o ritmo alucinante que te deixa respirar nos momentos certos, a grande presença do elenco e as extremamente competentes cenas de ação (com algumas exceções pelo exagero de CGI), tornam o filme divertido e um bom uso de suas 2 horas. O que você leva pra frente é a esperança que Mackenzie Davies faça mais filmes de ação e a certeza de que James Cameron que inúmeras vezes provou ser o melhor nome disponível em Hollywood para ação desenfreada com protagonistas femininas faria um trabalho melhor do que Tim Miller na cadeira de diretor.



Nota 6/10

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